Você já passou pela sensação de se sentir desorientado, perdido, sem saber o que quer da vida? Já viveu a angustiante situação de estar diante de uma escolha e não saber o que fazer? E aquele arrependimento depois de ter feito uma opção? Tomar decisões é difícil, todo mundo sabe. Mas o curioso é que nossos problemas começam muito antes do momento de decidir. Afinal, para fazer uma escolha, precisamos saber o que queremos. E a maioria de nós não sabe dizer o que deseja. Grosso modo, até sabemos que queremos ser felizes, mas não temos uma idéia muito clara de como chegar lá.
Se você tem a sensação de que o mundo está complexo demais para saber o que quer em meio a tanta informação, acertou. É isso mesmo. Atualmente há tantas opções à nossa disposição, que é como se vivêssemos de encruzilhada em encruzilhada, tendo que escolher o tempo todo entre vários caminhos: filhos ou profissão, advocacia ou gastronomia, cidade ou campo, remédio ou homeopatia, sorvete com calda ou iogurte desnatado? No lugar de facilitar as escolhas, essa diversidade de possibilidades, caminhos e modelos acaba dificultando e imobilizando as pessoas. "O momento que estamos vivendo é demasiadamente complexo e é ele que torna tão difícil saber o que queremos e o que nos satisfaz", afirma Lia Diskin, diretora da Associação Palas Athena, de São Paulo, que desenvolve programas filosóficos, culturais e socioeducativos.
É claro que é bom ter opção. Sua avó, leitor, provavelmente não teve outra escolha a não ser casar, viver para a família e ter filhos. Hoje, muitas mulheres achariam essa vida um suplício, e é bom que elas tenham outras possibilidades. Mas não dá para negar que essa multiplicidade de caminhos causa ansiedade e, em algumas pessoas, provoca uma angústia paralisante.
A escolha é o grande problema da humanidade hoje, dizem os psicanalistas. "Mais do que nunca, somos obrigados a optar", afirma o psiquiatra Jorge Forbes, presidente do Instituto da Psicanálise Lacaniana, em São Paulo, e autor do livro Você Quer o que Deseja?.