Nesse último final de semana, Dom Laurence Freeman (Diretor da Comunidade Mundial de Meditação Cristã) participou do retiro “Os Olhos do Coração”no Mosteiro de São Bento (Vinhedo-SP).
Como foram realizadas várias palestras, dividirei o artigo em duas ou três partes. As informações que colocarei aqui são as anotações que fiz durante esse retiro, com base nas palavras do diretor da Comunidade Mundial de Meditação Cristã.
Dom Laurence comentou sobre a importância do significado em nossas vidas. Para ele, se quisermos viver de forma feliz, criativa e plena, precisamos encontrar um significado para nossa vida. Posso citar aqui um comentário de Carl Jung, fundador da psicologia analítica. Jung dizia que o ser humano é capaz de realizar coisas incríveis, desde que encontre um significado nelas.
Freeman citou um trecho da biblia em que Jesus pergunta: o que vocês estão procurando? E essa pergunta é válida até os dias de hoje. Afinal, o que estamos procurando? Quais são as nossas prioridades na vida? Quais são os valores que nos inspiram?
A meditação aumenta o nosso encontro com o significado. A obra da meditação é desenvolvermos a pobreza de espírito e pureza de coração. E essas duas caracteristicas estão muito presentes nas crianças, por isso Dom Laurence tem se dedicado fortemente a meditação direcionada a esse público. A pobreza de espiríto leva ao reino de Deus e a pureza de coração à visão de Deus.
Para Tomás de Aquino, o sentido da vida é a união com Deus. E para Santo Irineu, a glória de Deus é o ser totalmente vivo. Dom Laurence, ressaltou a importância de termos a completude na vida. Para ele, a qualidade de vida não depende de circunstâncias materiais ou da satisfação dos nossos desejos. O desenvolvimento humano significa tornar-se plenamente humano.
Um outro ponto abordado está relacionado à prática espiritual de forma humilde. O ego é satisfeito quando somos elogiados e valorizados por outras pessoas. Ele cita o trecho da biblia em que Jesus fala para não sermos como os hipócritas que vestem suas túnicas e cantam louvores para serem reconhecidos, pois eles já receberam a sua recompensa. Ou então, para não sermos como os pagãos que acham que o uso excessivo de palavras é o que tem grande valor. Nossa prática espiritual precisa ser simples e humilde. Cita Mateus (6:6): “Quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto.” E também: “Vosso Pai, sabe o que tendes necessidades, antes que lho peçais.” (Mateus 6:8).
Não devemos rezar de forma mecânica e compulsiva. Durante as nossas orações devemos deixar de lado todas nossas preocupações e ansiedade. Contudo, geralmente fazemos o oposto e usamos esse período para pedir cada vez mais coisas e encher nossas mente de pensamentos.
Além disso, devemos viver o momento presente e diminuirmos a nossa preocupação excessiva com o amanhã. Ele cita o evangelho de Mateus: "Não se preocupe com o dia de amanhã, porque ele cuidará de si mesmo. Basta a cada dia seu próprio mal.”
A meditação é a obra da contemplação e o coração da contemplação é a união com Deus. A prática da meditação nos leva a integração e aos “olhos do coração”. E apenas com os “olhos do coração” teremos a visão perfeita. E ai, passaremos a olhar a Deus e aos outros não como objetos externos a nós, mas sim como algo interno e que faz parte de um todo.
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