sábado, 11 de dezembro de 2010

“Os olhos do Coração” Parte IV

Em sua última palestra do retiro, Dom Laurence falou sobre a importância de entender o que é Deus e o que é o silêncio.
Existem muitas formas de oração. Assim como nós temos muitas maneiras de comportamento. Uma forma de oração não exclui a outra. Embora as orações sejam complementares, elas são distintas. Existe um tempo para rezar com a mente e com palavras e outra para rezar com o coração e sem palavras.
A contemplação (oração do coração) é um talento oferecido por Deus e devemos utilizá-lo. Tradicionalmento, somos ensinados apenas para a oração da mente e com palavras. Infelizmente, não somos ensinados a praticar a oração contemplativa.

Se continuarmos a nossa vida apenas no nível da oração da mente e com palavras, na qual conversamos, pedimos e barganhamos com Deus, corremos o risco de vivermos na superficialidade espiritual e nunca experienciarmos a união com Deus.
Na meditação focamos no nível do coração. A meditação é a jornada que fazemos guiados pelo espirito santo que nos conduz da mente para o coração. O objetivo da meditação é tirar o ego do banco do motorista e colocar Deus no lugar.
Precisamos manter os olhos no objetivo final da nossa oração e da nossa existência. Temos que dizer o mantra até não precisarmos mais dizer o mantra. Contudo, não somo nós que determinamos quando isso acontecerá. Repetiremos o mantra em níveis diferentes. No começo, dizemos o mantra com muitos períodos de distrações. Com o tempo e a prática constante, esses períodos de distrações irão diminuindo. Aos poucos, o mantra será enraizado em nosso coração e passaremos a ouvi-lo. A meditação é muito simples, mas não é fácil.
Nesse processo, o silêncio é sagrado. Na oração, o silêncio real significa união com Deus. O silêncio puro é um encontro com Deus. E não podemos ser totalmente silenciosos sem eliminar totalmente o ego. O autoconhecimento é necessário para o conhecimento de Deus.
Santo Irineu, define Deus como imediato e infinito. A presença de Deus percorre o mundo no formato de caridade e amor.  Deus é universal e pessoal. Nada falta em Deus, ele contêm todas as coisas. Deus está em todas as situações e problemas que temos em nosso dia-a-dia. E Deus transcende esse nível.
A meditação produz o imediato de Deus. E imediato, significa sem mediação, ou seja, sem nada entre nós e Deus. Na meditação, não pensamos e falamos com Deus, mas nós o experimentamos. E essa experiência é o que nos faz crescer.
A esperança de salvar o mundo está no número de pessoas sábias. E aqui, não estamos nos referindo ao nível intelectual, mas sim ao nível espiritual. Será que estamos contribuindo para tornar as pessoas mais sábias? Ou pelo menos, estamos nos esforçando para sermos mais sábios?
Santo Irineu dizia que não importa quão profunda for a experiência de Deus em nós, pois sempre teremos mais. Ele falava que o começo é a fé e o fim é o amor. E a união dos dois, fé e amor, é Deus.  O amor não é fácil e a contemplação é a obra de amor.  O trabalho de amor sempre nos leva a uma união mais profunda.
Essa foi a última palestra conduzida por Dom Laurence no retiro em Vinhedo. Foram três dias muito significativos e de grande valor espiritual. Como não foram todos que puderam participar desse evento, compartilho por meio desse blog os principais ensinamentos transmitidos pelo diretor mundial da comunidade de meditação cristã.

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