domingo, 19 de setembro de 2010

Como nasceu o Blog…(Por Taynã Bonifácio)

Todos nós vivemos num mundo caótico e repleto de coisas a fazer. Nossa agenda vive lotada com compromissos dos mais diversos tipos.

Para muitos, a vida se resume a acordar, tomar café da manhã (quando dá tempo), ir para o trabalho, abrir a caixa de e-mail, almoçar (sem saborear a comida), ter várias reuniões (a maioria sem objetividade), chegar em casa exausto, assitir TV e dormir. Para quem tem filhos pequenos, ainda existem aquelas outras atividades, como levar a criança na escola, natação, futebol, festa dos amiguinhos, etc…Para quem gosta da internet, o tempo que sobra é utilizado para twitar, atualizar fotos no facebook, buscar novos contatos no LinkedInn e por ai vai…E estamos tão acostumados com essa rotina, que quando sobra um espaço em nossa agenda logo queremos preenchê-lo com alguma atividade. Parece que temos medo de ficar sem fazer “nada”. E nesse ambiente caótico, confundimos amor com apego, felicidade com satisfação de desejos, religião com alienação, dentre outras formas equivocadas de enxergar as coisas.













Não podemos esquecer do constante descontentamento com o que temos. Na busca por objetivos de pouco valor, justificamos a nossa falta de tempo para outras atividades. Achamos que quando conseguirmos comprar aquela casa na praia ou trocar o carro seremos mais felizes, ou que vários dias e finais de semana trabalhando até tarde são justificáveis para alcançar o cargo que tanto almejamos. Mesmo sabendo que quando chegar nessa posição, você provavelmente terá muito mais problemas, falta de tempo e talvez até maior insatisfação. Infelizmente, somos guiados cegamente por nossos desejos. Colocamos nossa meta de felicidade em objetos exteriores, o que sempre nos trará insatisfação. O budismo define a felicidade como um fator mental, ou seja, é algo interno. Nunca poderá ser encontrada fora da nossa mente.


Como diz Laurence Freeman, monge beneditino e diretor da Comunidade Mundial de Meditação Cristã: “ Não é que o sucesso e a prosperidade materiais sejam maus em si próprios, são apenas inadequados como resposta cabal e última à situação humana. Como resultado do materialismo em que vivemos, muitos homens e mulheres começam a descobrir que o seu espírito está sufocado. E muita da frustração nos nossos dias deve-se ao sentimento, que tantos de nós têm, de que fomos criados para algo melhor do que isto, algo mais sério do que apenas a sobrevivência do dia a dia. Para conhecermos a nós próprios, para nos compreendermos, e sermos capazes de resolver os problemas, de os pôr em perspectiva, temos apenas que fazer contato com o nosso espírito. Todo o auto-conhecimento resulta de nos compreendermos a nós próprios como seres espirituais, e é apenas o contato com o Espírito que nos dá a profundidade e o fôlego para compreendermos a nossa própria experiência.”


A correria e a rotina do dia-a-dia faz com que vivamos num piloto automático, seguimos um caminho sem olhar para a paisagem e sem saber exatamente para onde estamos indo. E muitas vezes, ao desligar o piloto automático, nos sentimos perdidos porque percebemos que, na verdade, nunca conhecemos verdadeiramente quem dirigia aquele veiculo. Nunca dedicamos tempo ao “motorista”. Ficamos constantente preocupados com o passado e com o futuro, e nunca vivemos o presente.


O budismo tem uma meditação sobre a morte, que pode parecer assustadora no inicio. Contudo, o que está por trás dessa meditação é uma avaliação das prioridades da nossa vida atual. Se pararmos um pouco para pensar, qual é o verdadeiro significado da vida? Se soubéssemos o dia exato da nossa morte, continuaríamos fazendo as mesmas coisas que fazemos hoje? Nos dedicaríamos as mesmas atividades? Acho que não…
A meditação é o caminho que nos faz “acordar”, olhar para dentro, voltar-se para o centro, viver o momento presente, contemplar a plenitude da vida, enxergar a realidade e nos conectar com algo maior. A experiência da meditação é única e individual. E por ser uma experiência, dificilmente pode ser relatada por meio de palavras. O que podemos relatar são os beneficios da prática: maior concentração, atenção, compaixão, auto-conhecimento e expansão do sentido de amor.


Esse estado de graça geralmente nasce de uma harmonia interior, essencialmente espiritual, que se traduz depois numa harmonia exterior. Como diz Sócrates: “... ajudai-me a buscar a beleza interior e fazer com que as coisas exteriores se harmonizem com a beleza espiritual”. Ou então, podemos citar Jung: “Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos.”

O blog buscará trazer informações da meditação como uma ferramenta de auto-conhecimento e expansão desse espirito de amor. Não estará vinculado à nenhuma tradição religiosa específica, abordarei a aplicação da meditação em diferentes tradições para que cada um possa entender e se identificar com aquela que faz mais sentido dentro de suas concepções e história de vida. Além disso, explorarei o uso da técnica na área de saúde, no ambiente corporativo, na aplicação com crianças, dentre outros usos.
Espero que o conhecimento da prática de meditação ajude cada vez mais pessoas a sairem do seu “piloto automático” e despertarem para a plenitude da vida. E como diz Lenine, em sua música Paciência: Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma...Até quando o corpo pede um pouco mais de alma... A vida não para...Será que é tempo que lhe falta pra perceber? Será que temos esse tempo pra perder? E quem quer saber? A vida é tão rara… tão rara.


O blog nasceu como um manifesto pela vida ...

7 comentários:

  1. Cara Taynã, muito boa sua iniciativa! Parabéns! O blog está belo bonito, fácil de ler e, ao mesmo tempo, denso. E você escreve muito bem. A vida em oração e silêncio é um longo caminho. Deixa eu lhe contar um aspecto sobre esse caminho, com uma pequena história: perguntaram a um monge, no século IV, o que ele fazia no mosteiro, e a resposta dele foi: “Eu caio, e depois levanto. E caio de novo, e levanto. E caio e levanto...”. Em parte, é para isso que nos reunimos em comunidade para fazer silêncio. Para um apoiar o outro, ajudar a levantar, sustentar nas quedas. Você chegou a nosso grupinho de oração silenciosa e foi para nós todos uma alegria acolhê-la. E, se nos apoiamos, em comunidade para meditar, para que afinal fazemos silêncio? Para aquietar nosso ego, ficarmos quietinhos e abrirmos espaço para que Deus opere o milagre em nós. O milagre anunciado pelo profeta Ezequiel há mais de 2.500 anos, em sua escuta da Palavra de Deus: “Eu vos darei um coração novo e porei em vós um espírito novo. Removerei de vosso corpo o coração de pedra e vos darei um coração de carne”. (Ez, 36, 26). É para isso que fazemos silêncio, para nos deixarmos habitar pelo Espírito de Deus e, aos poucos, nosso corações se tornarem sua morada, deixarem de ser pedra. Um longo caminho. É bom ver alguém bem jovem no Caminho, como você, Taynã.Há uma longa jornada à sua frente.

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  2. É um orgulho te ter como irmã, tenho certeza que esse site irá ajudar muitas pessoas assim como ajudou você e vem me ajudando.
    Adorei a idéia, você vem sempre me aconselhando e passando um pouco de seus conhecimentos e agora com esse site posso aprender cada vez mais.
    Um grande beijo
    Layelle

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  3. Tay muito sucesso com mais esta iniciativa! Com certeza vou ler e divulgar! Bjos...Cá!

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  4. Ta,
    Adorei o Blog e principalmente que tema gostoso!
    Tenha certeza que eu serei um leitor assíduo.
    Bom ler suas palavras. Gosto de sair dessa vibe caótica. Preciso.

    Bj

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  5. Tay, muito lindo!!! Vou ler para me inspirar, aprender...e aliviar a tensão (afinal tem momentos que não dá pra aliviar de outra forma, rs). Adoro vc e sua prafrentisse positiva! ;) Muita sorte, paz e evolução! Bjs, Schomer

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  6. Tata,

    Parabéns por essa iniciativa!
    Ameeeei o blog e inclusive, já repassei a várias pessoas...
    Ninguém pode perder esses seus textos incríveis! Eles têm feito muito bem a mim sabia?!!
    É ótimo ter alguém como vc por perto (mesmo que seja no blog, e poucas vezes pessoalmente, rsrs)!!
    Que vc consiga sempre todos esses sentimentos bons que consegue passar aos outros!

    Saudadess!
    Te adoro!

    BUBU

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  7. Olá Taynã, mais uma vez vim parar aqui no seu blog, em busca de sossego.

    Lembro de você desde o começo das aulas do mestrado este ano sempre sorrindo, aquele sorriso sincero. Eu achava tão estranho. Eu lá totalmente perdida sem saber se chorava ou se corria, e você lá, iniciante como eu, talvez perdida também mas com aquele sorriso tranquilo no rosto, sempre.

    Li outro dia um texto muito bonito que dizia a importância de um sorriso sincero como gesto de gratidão. E principalmente que aquelas pessoas que não conseguem sorrir são as que mais precisam de um sorriso!

    Isto para mim é uma grande verdade.

    Quando estamos bem não devemos economizar sorrisos, porque sofrer é inevitável e não há "remédio" mais humano e solidário do que receber um sorriso sincero num momento dolorido da nossa vida.


    Meus parabéns pelo blog! Continue assim, sempre sorrindo... que só tem a ganhar (muitos sorrisos de volta)! Um beijo,

    Raquel C. F.

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