quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Deus dentro da Psicologia Analítica

Psicologia Analítica, também conhecida como Psicologia Junguiana, é um ramo de conhecimento e prática da Psicologia, iniciado por Carl Gustav Jung. A psicologia analítica foi desenvolvida com base na experiência psiquiátrica de Jung, nos estudos de Freud e no amplo conhecimento que Jung tinha das tradições da mitologia e do estudo comparado da história das religiões. 

Jung era filho de religiosos, seu pai era pastor luterano, desde cedo teve contato com a idéia de um Deus e bem cedo começou o questionamento sobre a origem e a finalidade da vida humana, perguntas para as quais não obteve resposta através de seu pai, nem tão pouco nos livros religiosos e escritos da época. Durante uma entrevista dada à televisão inglesa, ao lhe perguntarem se acreditava em Deus, ele respondeu: “Eu não acredito, eu conheço.”  Jung adquiriu tal certeza no trato com a natureza psíquica do homem, observando e sentindo as manifestações do inconsciente.


O pai da psicologia analítica definia a religião como uma acurada e conscienciosa observação daquilo que Rudolf Otto chamou de “numinoso”, isto é, uma existência ou um efeito dinâmico não causados por um ato arbitrário. O numinoso pode ser a propriedade de um objeto visível, ou o influxo de uma presença invisivel, que produzem uma modificação especial de consciência.
                                                                   Carl Gustav Jung

Para ele, a experiência religiosa é algo de absoluto. Não é possível discutir acerca disso.  Em seu livro Psicologia e Religião, ele cita: “É indiferente o que pensa o mundo sobre a experiência religiosa: aquele que a tem, possui, qual inestimável tesouro, algo que se converteu para ele numa fonte de vida, de sentido, de beleza, conferindo um novo brilho ao mundo e à humanidade. Ele tem a paz. Qual o critério válido para dizer que tal vida não é legítima, que tal experiência não é válida? Haverá uma verdade melhor, em relação às coisas últimas, do que aquela que ajuda a viver?”

Ainda no mesmo livro o autor conclui: “Poder-se-ia dizer, por exemplo, que a vida é uma enfermidade com um diagnóstico muito desfavorável: prolonga-se por vários anos, para terminar com a morte; ou que o homem é um animal funesto cujo cérebro alcançou um superdesenvolvimento funesto. Esta maneira de pensar é privilégio daqueles que estão sempre descontentes e sofrem de má digestão. Ninguém pode saber o que são as coisas derradeiras e essenciais. Por isso, devemos tomá-las tais como as sentimos. E se uma experiência desse gênero contribuir para tornar a vida mais bela, mais plena ou significativa para nós, como para aquele que amamos – então poderemos dizer com toda a tranquilidade que foi uma graça de Deus.”

Para Jung, o ser humano é capaz de realizar coisas espantosas, desde que tenham um sentido para ele. Mas, o difícil é criar esse sentido. Acredito que a meditação é uma excelente prática que nos faz entrar em contato com o “numinoso”, entender a interdependência das coisas e encontrar um verdadeiro sentido para vida, tornando-a mais bela e significativa.

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